Em pleno século XXI, a figura da mulher no esporte a motor ainda é muito discreta. Na temporada 2012 da Fórmula 1, categoria máxima do automobilismo mundial, porém, três representantes são exemplos de que o mundo da velocidade também pode ter seu lado feminino: Monisha Kaltenborn, diretora executiva e futura chefe da equipe Sauber; Susie Wolff, recentemente nomeada piloto de desenvolvimento da Williams; Maria de Villota, reserva da Marussia.
E em uma cerimônia em Paris, nesta quinta-feira, as três, ao lado de Michèle Mouton, única mulher a vencer etapas do Mundial de Rali e Katherine Legge, que testou uma Minardi em 2005, foram condecoradas como primeiras embaixadoras da Comissão das Mulheres no Automobilismo da FIA (WMC). Elas representarão a entidade a nível mundial, na busca de promover e incentivar o esporte a motor entre o sexo feminino.
Susie Wolff, Monisha Kaltenborn, Michèle Mouton e María de Villota em cerimônia (Foto: Divulgação)
- As mulheres, hoje, têm a competência, a auto-confiança e a instrução para seguir uma carreira profissional em qualquer área que escolher, mas ainda precisam das oportunidades certas para alcançar seus objetivos. O desafio agora é desenvolver as plataformas, assim elas terão chances iguais de mostrar suas habilidades em todas as áreas de negócio, que podem incluir o automobilismo – disse a indiana Monisha, sucessora de Peter Sauber no comando da escuderia suíça de F-1.
Susie Wolff, 29 anos (Foto: Divulgação/Facebook)
Susie Wolff, piloto de desenvolvimento da Williams, destaca a importância de haver representantes do sexo feminino no mundo do automobilismo para inspirar o ingresso de novas mulheres no esporte.
- Não havia, realmente, nenhum modelo para mim no automobilismo quando eu era mais jovem, mas minha mãe e avó eram muito fortes, as mulheres inspiradoras. Minha mãe me ensinou a acreditar que eu poderia a fazer o que eu tinha em mente e isso me ajudou a seguir uma carreira que outras mulheres não conseguiram. Se o que estou fazendo pode inspirar alguma menina a começar a correr, então eu sentirei que fiz a diferença – disse a britânica, que já competiu na Fórmula Renault, Fórmula 3 e Campeonato Alemão de Turismo (DTM).
A espanhola Maria de Villota, filha do ex-piloto de F-1, Emilio de Villota, e a inglesa Katherine Legge, reforçaram o discurso.
- É muito importante mostrar para as mulheres que, com confiança e aplicação, é possível superar qualquer obstáculo. Se eu posso ser piloto de testes da F-1, tenho certeza que um monte de mulheres também podem. É questão de trabalho, talento e empenho. Entreguei minha vida ao esporte e tive fé que meu otimismo seria recompensado – contou Maria.
Hoje na Marussia, Maria de Villota fez testes na Renault-Lotus em 2011 (Foto: Divulgação)
- Sinto que a minha experiência poderá ser benéfica para quem busca uma carreira no automobilismo. Se eu puder ajudar jovens na sua busca pelo sucesso nas corridas, seja pilotando ou não, vejo isso como uma ótima maneira de retribuir ao esporte. Estes são tempos excitantes para a Comissão, temos grandes planos para o futuro – completou
Katherine, que possui passagens na DTM e na Fórmula Indy.
Katherine, que possui passagens na DTM e na Fórmula Indy.
Primeira e única mulher a vencer uma etapa do Mundial de Rali, a francesa Michèle Moutan, que faturou quatro provas na década de 1980 e foi vice-campeã da modalidade em 1982, ressaltou a função da comissão.
- Acreditamos que é possível mudar a percepção do papel das mulheres no esporte a motor. Mas precisamos da ajuda de coordenadores nacionais para identificarem problemas em seus países e através da comissão e da FIA, nós esperamos ser capazes de mudar as atitudes e percepções – declarou Michèle.
Mulheres de destaque no mundo do automobilismo
Bia Figueiredo brilhou no Desafio das Estrelas
Em 62 anos de história de Fórmula 1, apenas cinco mulheres participaram de grandes prêmios (comparados a 822 homens no mesmo período): Maria Teresa de Filippis (1958 a 69), Lella Lombardi (74 a 76), Divina Galica (76 e 78), Desire Wilson (80) e Giovanna Amati (92). Apenas as duas primeiras chegaram a disputar provas oficiais, enquanto Lella foi a única a atingir a zona de pontuação: marcou 0,5 ponto no GP da Espanha de 1975.
Em outras categorias do automobilismo, mulheres conseguiram resultados mais expressivos. Além das quatro vitórias de Michèle Mouton no Mundial de Rali, pode-se destacar também Danica Patrick, primeira vencedora de uma prova da Fórmula Indy, em 2008, e terceira colocada das 500 milhas de Indianápolis em 2009 e Lyn St James, que possui duas vitórias nas 24 horas de Daytona e uma nas 12 horas de Sebring. A principal representante brasileira no automobilismo é Bia Figueiredo. A paulista tem duas vitórias na Indy Lights e disputou as temporadas 2010 e 2011 da categoria principal da Indy. Este ano, participou das provas de São Paulo e de Indianápolis. Em 2010, Bia faturou a segunda bateria do Desafio das Estrelas de kart, superando nomes como Felipe Massa, Rubens Barrichello e Tony Kanaan.
Única mulher a pontuar na F-1, Lella Lombardi em ação no GP da Inglaterra de 1974 (Foto: Getty Images)
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